11 de ago. de 2010

O amor da (sua) vida



Na adolescência, entre um beijo e outro, arrebatadas pela força do primeiro amor, olhamos no fundo dos olhos daquele garoto que nos tira o chão e dizemos com sinceridade absoluta que ele é o grande amor das nossas vidas. No instante em que a frase é dita, acreditamos realmente nisso. Até que vem o segundo namorado, o terceiro, o quarto. Na casa dos 30, com uma bela bagagem amorosa nas costas, nos perguntamos: será que o chamado amor da minha vida existe mesmo? Se existe, é um só?


Metade da laranja

Para muita gente, "grande amor da vida" é que nem mãe: só tem um. Para a usuária da rede social do Bolsa de Mulher Shelly, amor de verdade é assim. "Eu acredito e muito no amor verdadeiro. Acredito que cada um tem sua tampa da panela", diz Shelly, que ainda não encontrou a dela, mas crê que esse dia vai chegar. "Acho muito importante acreditar no amor, porque é isso que nos dá força para superar os momentos de solidão: saber que tem alguém para você em algum lugar. No momento certo, ele vai aparecer".


São várias as expressões que confirmam a ideia de que para cada pessoa no mundo há outra nascida especialmente para ela: metade da laranja, tampa da panela, cara metade, alma gêmea. A usuária da rede social do Bolsa de Mulher J.V.M.S acredita na ideia de que para cada pessoa existe um único grande amor e já achou a azeitona da empada dela. "A gente pode até gostar de outras pessoas ao longo da vida, mas amor eu acredito que só exista um. Quando ele chega, a gente sabe. É único e pra sempre. O amor da minha vida está comigo há quatro anos e continuo amando ele ainda mais", derrete-se.



Várias tampas para a mesma panela

Já a usuária da rede social do Bolsa de Mulher Iyaosun acha que podemos viver diversas e verdadeiras histórias de amor ao longo da vida. "Na minha opinião, podemos viver, sim, mais que um grande amor, pois passamos por diferentes fases na vida, quando temos diferentes modos de ver as coisas", diz ela, que já viveu um grande amor mas, infelizmente, ele faleceu. "Levei muito tempo para me refazer desta perda. Mais tarde conheci outro alguém e, no decorrer dos anos fui aprendendo a amá-lo", conta ela, que hoje vive com um novo grande amor com quem é muito feliz. "Amar é uma arte que, no decorrer da vida, vamos aprendendo", garante.




Idealização do amor

Segundo a psicóloga Sabrina Dotto Billo, a psicologia não corrobora a visão de existir apensa um grande amor. "Pesquisas e relatos clínicos revelam histórias de amores, o que implica em várias possibilidades. O amor não tem medida, quantidade ou limites", afirma Sabrina.


Para ela, não é raro que algumas pessoas se lembrem de um amor que ocorreu durante a adolescência como um grande amor, mas isso tende a ser ilusório. "Geralmente isso acontece porque há a associação do flerte com uma época única, recheada de lembranças do colégio, amigos da rua, festas, descobertas, experimentações, mudanças hormonais, formação da identidade, busca da autonomia etc. Aí associamos essa 'magia' que uma fase pode representar com amor", explica a psicóloga.


Não podemos dizer que existe um grande amor e outros pequenos ou de tamanhos variáveis. "Algumas pessoas têm mais afinidades, outras menos. Algumas aparecem em nossas vidas em um momento em que não estamos preparados ou voltados para um relacionamento", explica a psicóloga, lembrando que o mundo é dinâmico: nós mudamos, nossa vida se transforma, nossas rotinas e responsabilidades também. "Então podemos dizer que não existe uma só tampa. Que bom, né?", finaliza.


Bjus Milll

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